O que falar da nova marca do Itaú? Por se tratar da marca mais valiosa da América Latina, analisando de primeira e bem friamente, causa uma estranheza. Sabe aquele sentimento de marca nova? Digo para nós consumidores, falo por mim também. Sou consumidor/correntista e diga-se, cliente do Itaú por conta da marca, assim como sou cliente também da Vivo.
Para quem não sabe, a marca “antiga” do Itaú, que foi usada por mais de 100 anos, foi criada por ninguém menos que Alexandre, Wollner, o pai do design moderno brasileiro.
Wollner nasceu em São Paulo em 1928 e foi um dos maiores influentes designers gráficos de seu tempo no Brasil.
Acima, um dos momentos mais importantes e marcantes na minha história de vida como estudante. Um brinde com Wollner no restaurante Casa das Ostras, aqui em Salvador.
Wollner imaginou o primeiro logo do Itaú como um quadrado com pontas quadradas e outro com pontas arredondadas com fundo preto e o nome da marca em branco. Interligando temos uma linha num tom bem próximo do marrom, usada para dar profundidade.
A escolha do logo final foi da mulher de Olavo Setúbal, o dono do Itaú.
Em 1973, Francesc Petit, um dos fundadores da agência DPZ, sugeriu que a cor do logo fosse mudada para laranja. Na psicologia das cores, o laranja é reconhecido como uma cor ligada a jovialidade.
Em 1980 a fonte Helvética viria a ser usada como o texto definitivo da marca.
Em 1992 viriam duas incorporações a marca que seguem até hoje, a fonte em amarelo e o fundo do boxe em azul.
Em 2003 veio a última mudança no logo. A fonte foi reconstruída para se adequar melhor aos processos digitais.
Dentre os seus projetos mais conhecidos estão os logos do Itaú, Elevadores Atlas, Sardinhas Coqueiro, Klabin, Ultragás, Philco, Hering, entre muitos outros.
Um fato curioso que ninguém sabe. Apesar de ter sido Wollner o criador da primeira marca do Itaú, na reunião de aprovação da marca, os diretores da época pediram para Wollner trocar a cor da marca para azul e ele disse que a marca que ele criou foi preta e que não faria a alteração. Resultado: Wollner simplesmente não assinou e deu o projeto para o Itaú.
Itaú em línga Tupi Guarani significa Pedra Preta (itá+u). É uma pedra preciosa e muito rara. O seu formato com cantos arredondas foi a principal inspiração de Wollner na época. Por isso a insistência de Wollner em manter a cor institucional da marca, preta. Foi no dia em que um dos diretores chamou Wollner e aceitou a proposta da marca na cor preta. Tudo isso durou longos 8 anos, de 1972 até 1980. Acredito que para aquela época, a cor preta atendia, afinal, sempre foi uma cor clássica e luxuosa.
Mas afinal, o que tudo isso tem haver com a marca Inter? Eu te digo, NADA.
Em 1980 o Itaú ainda com a marca na cor preta, já adotava a cor laranja, como sujerido por Francesc Petit em 1973 para tornar a marca mais jovial.
O banco Intermedium foi fundado no ano de 1994 pelo grupo MRV e também inspirado na cor clássica do Itaú de 1972 e 1980. Apenas em 2015 foi que o ainda Intermedium incorporou a cor laranja em sua marca e nas suas comunicações. No ano de 2016 o que era Intermedium virou Inter e sua cor institucional predominante passou a ser o laranja, mas que ainda em suas comunicações e cartões, o preto ainda existia.
É aquela história do ovo e da galinha. Quem veio primeiro? O fato é que não importa a ordem dos fatores, a aplicação de cor foi uma inspiração da época como estratégia de marketing.
Nas redes sociais, muita gente criticou e elogiou a nova marca do banco Itaú. Desde já aqui, dou meus parabéns para toda equipe envolvida, em especial ao meu amigo e colega de N Design’s, Fábio. Ele que fez parte do processo na criação e nos ajustes da tipografia.
O significado da cor laranja é o mesmo de sempre e vai continuar sendo usado como estratégia de marketing para atrair jovens clientes.
A nova marca do Itaú se aproximou ainda mais do formato da Pedra Preta, sua inspiração inicial.
A marca e cor vem sendo trabalhada há 43 anos por uma grande equipe de design. E ai? Você ainda continua achando parecida com a marca do banco Inter?